O verbo é uma das classes de palavras mais extensas e complexas de se estudar por possuir diversas formas de flexão. Mas não precisa se assustar, apesar de extensa essa classe é bastante intuitiva e, depois de ler este artigo, você estará preparado para lidar tranquilamente com o verbo e suas flexões. Vamos lá!
O que é?
O verbo é uma classe de palavras da morfologia que exprime ação, estado ou fenômeno situado no tempo.
Exemplo: Hugo vendeu sua antiga bicicleta. (ação)
Exemplo: Sarah está gripada. (estado)
Exemplo: Choveu muito noite passada. (fenômeno)
Guia rápido
Flexões verbal
O verbo é uma classe com muitas variações dadas as suas possibilidades de conjugação:
- PESSOAIS
- NOMINAIS
- MODAIS
- NUMERAIS
- TEMPORAIS
- VOZES
Flexão Pessoal
É a variação conforme a pessoa gramatical do sujeito.
Exemplo: Nós penduramos os lençóis no varal. (1º pessoa do plural)
Exemplo: Tu penduras as fronhas. (2º pessoa do singular)
Exemplo: Ela pendura as roupas. (3º pessoa do singular)
Note que nos exemplos acima, o verbo “pendurar” tem sua desinência alterada para concordar com a pessoa gramatical – os sujeitos – de cada oração.
Flexão Nominal
Os verbos são denominados nominais quando podem substituir o nome, ou seja, quando se apresentam exercendo função de substantivo ou adjetivo ou advérbio. São formas nominais do verbo as seguintes:
- Infinitivo: indica uma ação de modo geral. Ele pode ser impessoal ou pessoal. O infinitivo impessoal é puro e inflexível – utilizado nos dicionário da língua portuguesa –, já o infinitivo pessoal refere-se a um sujeito e por isso é flexível. Veja os exemplos:
Exemplo: Ouvi o cantar dos pássaros. (infinitivo impessoal)
Nesse exemplo, “cantar” é um verbo no infinitivo impessoal porque desempenha a função de um substantivo e independentemente da pessoa do sujeito não sofre variação.
Exemplo: Declaramos estarem prontos. (infinitivo pessoal – sujeitos diferentes)
Exemplo: Declaramos estar prontos. (infinitivo pessoal – mesmo sujeito)
Nos dois exemplos acima, o verbo “estar” é utilizado como um infinitivo pessoal portanto possui um sujeito de referência e por isso pode variar.
No primeiro caso, “estarem” sofre variação porque se refere a um sujeito diferente do sujeito do verbo regente “declaramos”. Enquanto no segundo exemplo, “estar” não varia por ter “nós” como sujeito referencial e este ser o mesmo sujeito do verbo regente da oração.
- Gerúndio: é a forma nominal do verbo que indica ação continuada, em curso, inacabada. Sua desinência é “ndo“:
Exemplo: Os clientes estão entrando no shopping.
Exemplo: As crianças foram correndo ao parque.
Exemplo: Os rapazes estariam saindo do bar aquela hora.
- Particípio: aponta um estado ou uma situação já concluída. O particípio pode ser regular ou irregular e sua diferença se encontra na desinência. O regular possui desinência “ado” para a 1º conjugação e “ido”para 2º e 3º conjugação. Enquanto que o irregular apresenta, na maioria dos casos, a desinência “to” ou “so”.
Exemplo: O hino foi cantado. (regular 1º conjugação)
Exemplo: O homem havia partido. (regular 3º conjugação)
Exemplo: Ela havia feito o bolo da festa. (particípio irregular)
Exemplo: O convite foi impresso com tinta azul. (particípio irregular)
Flexão Modal
Na conjugação verbal, o modo é como o fato se realiza, são três os modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.
- Modo indicativo: A ação do verbo é expressa de maneira real e categórica (faço, escreveres, não irás, chorava).
Exemplo: Catarina colhe as flores do jardim.
Exemplo: Ele esqueceu as chaves em cima da mesa.
Exemplo: Nós não iremos ao festival.
- Modo subjuntivo: A ação expressa pelo verbo é de caráter incerto e indica possibilidades e/ou desejo (substituindo a 1º e a 3º pessoa do imperativo). No subjuntivo, um verbo se subordina a outro para ter sentido completo de sua ação:
Exemplo: Acredito que passe no exame técnico.
Nesse caso o verbo “passe” está subordinado ao verbo “acredito”. Por si só, o verbo “passar” não teria sentido completo e tampouco indicaria possibilidade.
- Modo imperativo: Nesse modo, o verbo é utilizado com império e indica ordem, convite ou súplica. É importante lembrar que todas as pessoas verbais tem modo imperativo, apesar de o destaque estar com a 2º pessoa do singular e do plural porque se conjugam no imperativo sem o “s”.
Exemplo: Faça a tarefa de casa. (ordem)
Exemplo: Sente-se à mesa conosco. (convite)
Exemplo: Tende piedade de nós. (súplica)
A negação do imperativo se constrói com o subjuntivo.
Exemplo: Não deixeis o menino sair.
Flexão Numeral
Quanto ao número o verbo varia entre singular e plural. O sujeito da oração é que determina a flexão do verbo na oração, portanto, se o sujeito estiver no singular o verbo permanece no singular, se estiver no plural o verbo fica no plural.
Exemplo: Ele adora vir ao parque. (3º pessoa do singular)
Exemplo: Eles adoram vir ao parque. (3º pessoa do plural)
Flexão Temporal
A flexão temporal indica a época em que a ação é, foi ou será executada. Os tempos verbais são: pretérito, presente e futuro.
- Presente: é utilizado para falar sobre uma ação praticada enquanto se fala:
Exemplo: Escrevo um texto.
Nesse exemplo, enquanto declaro que escrevo também executo a ação de escrever.
O presente também pode ser empregado para indicar um tempo em curso (séculos, anos, meses, dias) e para descrever uma ação habitual. Veja os exemplos:
Exemplo: Vivemos tempos difíceis.
Exemplo: Ela lê as notícias pela manhã.
Para falar sobre uma ação continuada usa-se uma locução verbal formada geralmente pelo presente e o gerúndio:
Exemplo: Ele está lavando a louça.
- Pretérito: indica que ação do verbo foi executada antes do momento da fala. Mas é importante recordar que há três espécies de pretérito: imperfeito, perfeito, mais que perfeito.
Exemplo: Ela escreveu o bilhete. (pretérito perfeito)
Exemplo: Mário trazia o bolo quando tropeçou. (pretérito imperfeito)
Exemplo: Tereza saíra assim que José entrou no escritório. (pretérito mais-que-perfeito)
- Futuro: aponta uma ação que será praticada após o momento da fala ou depois de realizada outra ação. Existem dois tipos de futuro: do presente e do pretérito.
Exemplo: Eles sairão esta noite. (futuro do presente)
Exemplo: Catarina traria as flores. (futuro do pretérito)
Vozes Verbais
Em relação as vozes o verbo pode ser: ativo, passivo, reflexivo e neutro.
- Voz Ativa: se dá quando a ação expressa pelo verbo é evidentemente praticada ou produzida pelo sujeito da oração.
Exemplo: O lenhador matou o lobo.
O “lenhador” é sujeito da oração e pratica a ação de matar, enquanto o “lobo” é objeto direto.
- Voz Passiva: indica que o sujeito da oração recebe a ação do verbo em vez de praticá-la. Na voz passiva o sujeito é paciente ou recipiente da ação do verbo.
Exemplo: O lenhador foi morto pelo lobo.
Nesse exemplo, o “lenhador” continua como sujeito da oração, mas agora, sofre a ação de ser morto. A coisa ou pessoa que pratica a ação na voz passiva – neste caso, o “lobo” – aparece como complemento do verbo e é denominado agente da passiva.
Observação: uma oração na voz ativa pode ser transformada em uma oração da voz passiva (vise-versa) sem alteração de seu sentido original:
Exemplo: Tereza escreveu a carta de despedida. (voz ativa)
Exemplo: A carta de despedida foi escrita por Tereza. (voz passiva)
Note que o que se altera é o posicionamento e a função dos termos na oração, mas o sentido permanece o mesmo. Na voz ativa, “Tereza” é sujeito e pratica a ação de escrever e “carta” é objeto direto. Já na voz passiva, “carta” se torna sujeito e sofre a ação de ser escrita, enquanto “Tereza” é agente da passiva e praticante da ação de escrever.
- Voz reflexiva: são os casos em que o sujeito pratica e recebe a ação verbal. Para indicar essa reflexibilidade, o verbo sempre vem acompanhado do pronome oblíquo retomando o sujeito, perceba:
Exemplo: Eu me machuquei com o estilete.
Exemplo: Paulo se queixa de dores nas costas.
- Voz Neutra: se apresenta quando o sujeito nem pratica e nem recebe a ação do verbo, porque este não indica qualquer tipo de ação e sim um estado ou consequência de uma ação, veja:
Exemplo: José é bom cozinheiro.
Observação: os verbos neutros são os mesmos verbos de ligação: ser/estar, ficar, permanecer.
Tipos de Verbos
Há seis tipos de verbos quanto ao processo de conjugação, o verbo pode ser: auxiliar, regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante.
- Auxiliares: são verbos que exigem auxílio de um outro verbo que lhe complete o sentido. Os auxiliares são quatro: ter, haver, ser e estar.
- Regulares: são os que mantém o radical invariável durante a conjugação e suas desinências flexionam conforme um padrão.
- Irregulares: são verbos que sofrem modificação no decorrer da conjugação tanto no radical quanto na desinência, que se afasta de qualquer padrão.
- Anômalo: assim denominados o verbo ser e ir por sua conjugação se processar e maneira diferente dos demais verbos irregulares. Enquanto os verbos irregulares sofrem variações de um mesmo radical esses dois verbos mudam de radical durante sua conjugação, por exemplo: ser se torna foi, e ir se torna vou.
- Defectivo: são os verbos que não possuem sua conjugação completa, ou seja, não é conjugada por todas as pessoas.
- Abundante: são assim chamados os verbos do nosso idioma que possuem forma dupla, mais especificamente, os verbos com particípios duplos. Um exemplo é o verbo suspender que possui particípio terminado em -ido e -so: suspendido e suspenso.
- Impessoais: não fazem referência a nenhum sujeito específico, como é o caso dos verbos que indicam fenômenos da natureza: trovejar, chover, ventar.
- Pronominais: são os verbos reflexivos e sempre estão acompanhados de pronome oblíquo, exemplo: arrepender-se, ferir-me.
Resumindo…
O verbo é um dos pilares da nossa comunicação. É uma importante classe da morfologia que indica ação, estado ou fenômeno e possui diversas flexões. Sem dúvida, é um assunto que merece atenção ao ser estudado por ser uma peça essencial para a boa compreensão da sintaxe.
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Essa postagem ficou um pouco grande, mas fiz o meu melhor para trazer de forma bem prática o conteúdo sobre os verbos. Espero ter ajudado e facilitado um pouco mais sua vida quanto aos estudos.
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Até o próximo post prático sobre gramática!